"Ela é a mulher invisível no centro da tempestado em torno do presidente do Banco Mundial, Paul Wolfowitz. Séria, discreta e com uma vontade de ferro, Shaha Alil Riza tem sido descrita apenas como a "namorada" de Wolfowitz."
Jornal Público, 17 de Maio
Finalmente uma análise crítica de como os media, e não só (!), retratam as mulheres e qual o lugar que lhes é muitas vezes reservado no espaço público: reduzidas a um lugar acessório, qualquer que seja o seu mérito próprio. Basta ter um relacionamento amoroso para a mulher deixar de ser sujeito e passar a ser objecto.
Que o caminho da igualdade é longo e sinuoso, cheio de curvas e contra-curvas, já sabíamos, este é apenas mais um exemplo.
Miss Piggy
2 comentários:
Desculpa, Miss Piggy, mas este post cai num território minado. Não sei se o caso de Riza será o melhor para exemplificar que a mulher é objecto em vez de sujeito.
Pois parece-me que neste caso, sim, houve favorecimento por ser namorada de.
Segundo o que a maior parte da imprensa escreve, a situação só pode ser controversa e explosiva porque é público que Wolfowitz ordenou directamente uma promoção e dois aumentos salariais, num total de US$ 60 mil - mais que o dobro do determinado pelas normas do Banco - para Riza, antes que ela fosse transferida para o Departamento de Estado, em Setembro de 2005.
As regras do Banco Mundial proíbem que casais se supervisionem entre si ou tenham a mesma categoria de autoridade, o que forçou a transferência de Riza para o Departamento de Estado. E de facto, ela permanece na folha de pagamento do BM, do qual recebe US$ 193.590 anuais, livres de impostos, mais do que recebe a própria secretária de Estado dos EUA, Condoleezza Rice. (ler aqui ou aqui)
Favorecimentos com base em critérios que não se baseiam nas competências profissionais acontecem todos os dias, entre homens e mulheres. Não me parece que Riza seja uma mulher qualquer, nem somente a namorada de. Mas na situação concreta parece ser óbvio que houve favorecimento e peculato por ser companheira de quem é, por isso não me espanta, e muito sinceramente – neste caso - , não me choca que seja catalogada como a namorada de. Mais, se os cargos dos protagonistas estivessem trocados, Wolfowitz facilmente também seria rotulado como o namorado de.
Eh pá, pois é... felizmente que em Portugal as feministas não se conformam em ser "namoradas de". E muito menos "moustaches"...
Fernanda Câncio
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