O Miguel Vale de Almeida tem razão. Os movimentos do NÃO deveriam escolher melhor os seus copywriters. Para além de não saberem utilizar correctamente a pontuação, têm alguns problemas de interpretação, usando termos erróneos na mensagem que pretendem transmitir.
Descobrimos que o movimento do Não resolveu lançar um grande concurso intitulado "Do 0 aos 9. A minha primeira morada", direccionado ao público jovem, dos seis aos dezoito anos. Escrevem eles:
"Vamos agarrar este momento para com os mais novos despertar para o início da nossa vida, explorar esta maravilha passo a passo, desde a primeira hora, semana a semana até aos nove meses aproveitando os conhecimentos científicos que hoje já temos sobre este assunto.
Vamos todos descobrir a nossa Primeira Morada. Comecem já a procurar as ecografias, as fotografias da mãe grávida e a pensar em ideias.
Vamos tirar partido desta oportunidade e incentivar os nossos filhos, amigos dos nossos filhos e outros jovens a participar e a apresentarem o que descobriram. Podem fazê-lo com uma música, com desenhos ou pinturas, com histórias, contos ou poesia e também nas formas multimédia.
Motivem já todos entre os 6 e os 18 anos para meteram mãos à obra.
Circulem para que seja uma experiência muito rica e esclarecedora.
Claro, claro, haverá fantásticos prémios."
Os fantásticos prémios, consoante a categoria da idade, são dois bilhetes para o musical “Música no Coração”, uma máquina fotográfica digital, uma aparelhagem CD/Rádio e um Home cinema. A "motivação" a que apelam não foi o termo mais adequado; "manipular" é o termo exacto.
Também me custa perceber como é que defensores tão acérrimos da moral e dos bons costumes, da vida e dos direitos das crianças, podem incentivar o trabalho infantil. Sim, porque não tenhamos dúvidas. Os desenhos do concurso dos "Do 0 aos 9. A minha primeira morada" vão servir de propaganda sensacionalista dos movimentos do Não. Vão ilustrar sites, flyers, outdoors, t-shirts, e sabe-se lá o que mais, e tudo isso a troco de "fantásticos prémios". Pois, é por isso que me desato a rir (para não vomitar) quando afirmam que vão fazer uma campanha "moderna não agressiva".
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