11.2.09

Para as histéricas Laurindinhas Pegad(as)...

Mulheres que fazem IVG têm poucos problemas médicos ou psicológicos

Profissionais de saúde traçam panorama positivo dos serviços que fazem interrupções de gravidez

As mulheres que decidem interromper voluntariamente a gravidez têm acesso fácil às consultas e, após o aborto, é pouco frequente recorrerem aos serviços de saúde com problemas médicos ou psicológicos, indicam os resultados preliminares de um inquérito feito a profissionais de saúde pela Associação para o Planeamento da Família (APF). O estudo, que hoje vai ser apresentado em Lisboa no seminário Boas Práticas em IVG, assinalando os dois anos do referendo do aborto, permite ainda perceber que as mulheres aparecem sozinhas nas consultas na maior parte dos casos e que não é frequente colocarem muitas dúvidas.

Mas o panorama traçado pelos profissionais de saúde inquiridos também inclui problemas: a falta de técnicos de saúde não objectores de consciência e a falta de profissionais de apoio administrativo e de enfermagem é apontada como uma das principais dificuldades com que os serviços se deparam, até porque a procura está a ser superior ao que tinham previsto. Ao inquérito - que foi enviado para as 38 unidades de saúde públicas e as três clínicas privadas reconhecidas para a prática de IVG - responderam 70 pessoas (médicos, enfermeiros, psicólogos, auxiliares e administrativos).
Outro dos problemas identificados prende-se com a dificuldade em facultar à mulher a escolha do método nos serviços públicos, dada a falta de recursos disponíveis para a opção pelo aborto cirúrgico (os hospitais públicos fazem sobretudo IVG medicamentosa, um método que os inquiridos consideram mais vantajoso, apesar de as mulheres o considerarem doloroso, em contraponto ao cirúrgico). Alguns dos inquiridos mostram-se ainda preocupados com os casos de recidivas de aborto e defendem que as mulheres deveriam pagar taxas moderadoras.
Num outro estudo que hoje também vai ser apresentado pela APF - A IVG vista pelas mulheres - é feita uma análise das histórias recolhidas na linha de atendimento Opções (707200249 - das 12h às 20h, dias úteis), avaliando as expectativas, sentimentos e medos que as mulheres expressam, bem como as queixas que apresentam. O maior receio tem actualmente a ver com a confidencialidade; após o referendo e a descriminalização da IVG por opção da mulher até às dez semanas diminuiu a resistência em abordar os médicos e os receios em relação às reacções familiares. Percebe-se também que nem sempre as mulheres são acolhidas e encaminhadas da melhor forma.
Ontem, a Federação Portuguesa pela Vida (FPV) reclamou "a possibilidade real de as mulheres que vão abortar serem informadas", um direito que dizem não estar a ser assegurado. António Pinheiro Torres, secretário-geral da FPV, pede que lhes sejam mostradas as ecografias. A FPV alertou para o crescimento em 38 por cento do número "de abortos a pedido": foram cerca de seis mil no primeiro semestre de 2007 - valor que a federação extrapolou para um ano (12 mil) -, tendo havido 16.839 no ano passado. Isilda Pegado, presidente da FPV, diz que as mulheres não estão a ser encaminhadas para instituições de apoio à vida que, apesar disso, têm aumentado: são 32, oito nasceram após o referendo.
38 por cento foi o crescimento dos abortos a pedido, segundo os cálculos da Federação pela Vida.
in "Público", 11/02/2009.

E para nós, para nos lembrarmos que o direito aborto tem que ser sempre vigiado e acompanhado. E há sempre muito a fazer!

Hoje faz dois anos que o direito à IVG é legal em Portugal, até às 10 semanas. Hoje faz dois anos que as mulheres deixaram de ser criminalizadas. Dois anos de menos aborto clandestino. Dois anos de menos insegurança, de medo e de perseguição. Dois anos de mais democracia.

2 comentários:

Tatiane R. disse...

Gostei de saber que para além do direito ao aborto, está se havendo discussão e debate em Portugal.
O aborto sendo um direito rebate em Politicas Públicas. não é um processo fácil, ainda mais em sociedades cristã.
Será que a sociedade brasileira está aberta a estas discussões?
Será que isto chega a nossas jovens e adolescentes?
Como seria uma educação sexual em escolas coma abordagem do aborto como direito?
São estas questões que fico a refletir!

Anónimo disse...

O direito a umas míseras 10 semanas. Na realidade é mais uma esmola (muito pequena) do que um direito.
Mas mesmo assim ainda continua a haver pessoas que não concordam com esta micro-esmola. Bem mas essas pessoas não estão a ir contra a caridade cristã? Uma esmola não é uma caridade cristã? E depois chamam aos outros anormais (como fez o Senhor Cardeal Saraiva Martins, Jesus Cristo, como embirro com este "normal". Passo a heresia).

melga